Aceitar a morte faz parte da vida…

Por Aurora

Quem já perdeu alguém que ama muito sabe o quanto é duro essa partida. Que vai embora de nossa vida de forma definitiva e muitas vezes sem nem dizer adeus…

Pois é, não é tão simples aceitar a passagem da vida para outro plano, principalmente, porque não fomos treinados para isso. Não nos ensinaram na escola, podemos até nunca ter lido nada a respeito…

Como iremos nos preparar? Se ao menos tivéssemos certeza do que acontece depois… Tudo que sabemos são ensinamentos espirituais que, de alguma forma, precisam de uma dose de fé para acreditar. Não é uma verdade absoluta – tão clara como o dia. Não. Cabe a cada um buscar o seu consolo, seja nas religiões, doutrinas espirituais ou filosóficas, ou na própria vida, buscando aceitar este buraco que fica. Esse vazio que nada, nem ninguém pode preenchê-lo.

Há lutos que são eternos…

Há mortes que são traumáticas, que levam mais tempo para cicatrizar e curar. Mas a saudade que fica, esta nunca passa.

Podemos já ter inventado tanta tecnologia e ainda não conseguimos desenvolver uma comunicação direta com aqueles que já se foram. Não podemos pegar o telefone e simplesmente perguntar: “Está tudo bem? Como foi a viagem? Eu te amo…”.

Não podemos fazer nada disso, apenas mandar nossos pensamentos e sentimentos de amor e esperar que a pessoa amada tenha recebido, do lado de lá…

Aceitar é a palavra-chave para lidar com esse sentimento.

Aceitar que não haverá mais aquele corpo para abraçar, beijar, ver um sorriso, enfim… Restam apenas lembranças, fotografias, memórias que jamais serão esquecidas.

Continuar a vida, vivendo a cada dia, buscando até não pensar muito sobre isso (porque, aliás, não é preciso sofrer tanto); a vida continua…

E a vida nos pede que sejamos fortes e que estejamos inteiros para vivê-la com intensidade e integridade. A vida não aceita migalhas… Ela nos pede, ainda, para sermos felizes apesar de toda perda, dor, sofrimento, saudade… (como o arco-íris e o Sol se abrindo, após um longo período de chuva num dia nublado).

A vida nos diz: siga em frente, o amor é eterno; “um dia ainda a gente vai se encontrar…” – como nos lembra aquela bela canção do Milton Nascimento.

Com essa esperança, acalentamos nosso coração sabendo que a trajetória é infinita e não se encerra aqui. Terá dias que doerá mais, com certeza. Em outros, menos, e assim, vamos caminhando, acolhendo a nossa dor e tratando o “dodói”. E o que sobrar ainda de machucado, pode ser curado e transformado, pois a vida foi feita para ser vivida em toda sua plenitude, com amor e alegria, fé e coragem.

Que os nossos corações possam sempre ser abençoados com o bálsamo da fé e do conforto espiritual.

Que possamos voltar a ser felizes plenamente…

Que toda dor, tragédia e mágoa se reduzam a cinzas ao pé de uma árvore e permaneçam, serenamente em paz, nas memórias do tempo…

 

PS: Aceitar a dor é o passo mais importante para transformá-la.

 

Ana