Transição Planetária
Desde os meus idos dos 18 anos, lá por 2002, 2003, escuto falar de transição planetária.
Primeiro, com a imaturidade típica adolescente havia entendido literalmente que o mundo ia “acabar” em uma espécie de “Apocalipse”, ao estilo de filmes da época, como “Armagedom” e companhia… Fora isso, havia toda a cultura do Calendário Maia que também corroborava que em 2012, iríamos terminar um ciclo de não sei quantos mil anos, e que aí, se iniciaria, então, a “Nova Era”.
Se não fosse suficiente, para completar, eu ainda participava de um grupo espiritual oriental, que mencionava que a era de Kali Yuga (ou Idade das Trevas) estaria chegando ao fim e que a “Idade de Ouro” estava a caminho com a chegada de um “Avatar” que reuniria toda a civilização, em um só caminho de luz, paz e amor.
Coloquei todas as palavras destacadas em aspas, propositalmente. Não para desmerecer tais pensamentos ou argumentos, muito pelo contrário! Mas, para destacar o peso que tais ideias e conceitos ecoavam na minha mente e alma.
Eu me sentia realmente conectada a tudo aquilo e não entendia muito bem o porquê eu havia sido “chamada” ou “escolhida”, para seguir tais caminhos e filosofias, de escolas espirituais que frequentei por quase 20 anos da minha ainda breve existência terrena.
De posse de tais informações e caminhos disponíveis de prática espiritual, aproveitei tudo, ao máximo que pude, com muito suor, lágrimas, sofrimentos e alegrias… Era um misto de sacrifício e prazer, para viver o sacro-ofício para qual minha alma me conduzia.
Por um lado, me sentia abençoada, conduzida, entregue, realmente rendida a um Poder Superior, mesmo caminhando muitas vezes por lugares pedregosos, praticamente de “olhos vendados”, confiando apenas na fé e no próximo passo do caminho.
Por outro, me sentia arrogante, lidando com muita energia espiritual e consciência/responsabilidade que os meus vinte e poucos anos não davam conta de absorver.
Pense em alguém nessa idade já com tantos mestrados de Reiki, iniciações energéticas de uma pessoa que teria que ter pelo menos o dobro da sua idade para aguentar tamanho rojão! Fora isso, o fato de estar transmutando karmas passados na velocidade da luz, porque estava literalmente “obcecada” com a ideia de que eu teria que me purificar ao máximo para “cumprir minha missão” (que na época eu apenas entendia espiritualmente ou no máximo, racionalmente, em alguns momentos). Não havia integrado todo o sentido em meu emocional, que estava por deveras conturbado com tantas perdas e mortes familiares, pelo luto complicado (que não cicatrizava) e pelos abusos de um relacionamento que quase me deixou doida, literalmente!
Isso não é, de forma alguma, para me vangloriar, apenas para explicar, humildemente, de onde saí. De qual foi minha origem, e de onde eu vim, para hoje vir aqui anunciar o que eu vim fazer, senão fica um pouco descontextualizado.
Às vezes, fico com a sensação que essa minha vida “fragmentada” em que já fui: Carol, Ana Reis, Ana Carolina e Aurora, deixou algumas marcas que ainda pedem por integração e compreensão maior da minha parte, um verdadeiro exercício de autocompaixão na prática!
Esse ano, em 2021, em plena Pandemia, me surge a missão de conduzir uma Escola Ascensional. A princípio, me apavorei: “como vou fazer isso? Não tenho capacidade! Quem sou eu, para tal empreendimento que vai muito além do que posso imaginar/alcançar”?
Porém, como sempre fui corajosa, entregue e obediente, ao longo de toda a jornada, mesmo nos piores momentos da minha vida, eu novamente aceitei, com o coração de Maria (tanto a Maria Mãe, como Madalena) e fui relembrada com muita amorosidade por uma amiga querida, o sentido da frase: ‘Eis-me, aqui’!
Estar a serviço é só a primeira parte do caminho, é dizer ‘Sim’ a si mesmo, em primeiro lugar, à sua Consciência Divina, que te move e move montanhas.
O segundo passo é se pôr atento a ouvir as instruções e buscar praticar. “O que te vem na sua intuição? O que você é chamado a fazer/praticar/servir?” Não se trata apenas de um caminho espiritual, mas de um caminho de serviço, de rendição, de entrega, em primeiro lugar.
Seria mais fácil para mim me ‘fazer de surda’ e não escutar esse sussurro da minha alma me convocando a estar na linha de frente. Meu ego se rebela: “Deus me livre conduzir outras pessoas, não quero ser mestre de ninguém”… Ironia do destino, já faço isso há tantos anos, sem nem mesmo ter me dado conta disso!
Me assusto ainda, confesso, com a possibilidade de exposição, de ‘dar minha cara a tapa’. Eu preferia estar no “anonimato”… Será? Uma pessoa que já foi atriz, será que não tem lá no fundo um desejo de se aparecer, de palco, nutrido por uma carência sem fim de “receber aplausos”. Olha, já me fiz essa pergunta muitas vezes e foi nessa desistência de seguir em frente, que muitas vezes fiquei literalmente paralisada, sem ir ‘para frente, nem para trás’, como diria minha mãe.
Não sei o que me espera, mas continuo seguindo um passo de cada vez. E as orientações tem vindo cada vez mais fortes, e eu apenas obedeço, como uma humilde serva da minha alma. Aonde esse aprendizado todo irá me conduzir, eu ainda não sei. Só sei que não posso mais ficar parada, com medo de assumir meu poder pessoal e maestria.
Continuo não querendo ser mestre de ninguém, mas meu coração arde por invocar outras pessoas à maestria. E, nesse caminho, somos todos aprendizes… Uns apenas já caminharam mais um bocadinho na nossa frente e por isso, tem mais prática. É isso, chego a respirar fundo, de alívio, por finalmente aceitar o que eu vim fazer aqui.
Com toda clareza do meu coração afirmo: vim auxiliar nessa transição planetária. Sem pretensão alguma, existem ferramentas que podem auxiliar e facilitar esse processo. Podemos evoluir apenas espiritualmente, ou de forma integrada. Integrar todos os níveis do nosso ser: físico, emocional, mental e espiritual é um baita desafio! Mas pode ser muito mais gostoso se trilhado junto com pessoas que compartilham desse mesmo ideal.
Mesmo que eu seja uma alma solitária ‘clamando no deserto’, eu não posso abrir mão da minha voz e do meu poder, para que outros não se sintam mal ou para que eu não tenha vergonha de me expor ou medo de cair na arrogância (no lado negro da força).
Quem já fez mau uso da energia, como é o meu caso, em outras vidas, fica tudo muito mais complexo porque o medo paralisa a caminhada. Faz você não se sentir capaz, te chama de fraca e a sensação de queda e fracasso te acompanha frequentemente.
Eu decido, assim, com todas as minhas forças, não me render mais a esses pensamentos destrutivos, que só fazem mal e não ajudam em nada!
Pensamentos são apenas pensamentos e nada mais que isso…
Você que me leu até aqui, agradeço de coração o carinho, a atenção, o amor, cuidado e zelo com as minhas palavras colocadas de forma tão entregue mesmo.
Para mim, é um baita desafio dar esse passo, mas que meu ‘eco’ ressoe em algum coração e desperte o chamado de mais um coração, assim como o meu foi arrebatado há quase 20 anos…
Que eu possa ser sempre conduzida nessa jornada, com humildade, simplicidade e alegria, para me lembrar apenas do que é essencial.
Amém!
Ana Carolina Reis