Oração

Por Aurora

Que eu consiga a cada dia
Me lembrar de quem eu sou
Do que eu estou fazendo aqui
E não me esqueça mais
Que eu possa acordar
100% do meu tempo,
Amém! 

Essa tem sido a oração do meu coração nos meus últimos tempos. Parece meio supérfluo e filosófico responder quem eu sou e o que vim fazer aqui. Mas, no meu caso, sinto como verdades cruciais para os meus próximos passos evolutivos.

É muito difícil você cumprir sua missão se você não tem clareza de quem você é, do que é exigido de você, onde você se encontra no seu estágio evolutivo e o que você pode manifestar, em termos de capacidade e serviço.
É muito complexo!
Não posso responder por outros, apenas por mim mesma. Às vezes, me sinto uma “voz no deserto”, mas no fundo sei que esse anseio que me leva adiante me diz lá no fundo: “existem outras almas como você que também possuem esse anseio”…
Um anseio de liberdade, de respirar, como se faltasse o ar! Um anseio de ser verdadeiramente livre, ser um jivan-mukhta (como se diria na linguagem hindu), ou seja, uma alma liberta.
Não sei quantas vezes já pedi isso em minha oração e me sinto uma E.T. toda vez que compartilho isso com alguém.
“Como assim você quer se iluminar?” “Tá louca?” “Quem é você para isso?” “Que viagem”… “Isso é possível?”… É tanta desinformação que vivo há anos no meu silêncio, comigo mesma, nutrindo esse desejo que é da alma, não é da personalidade não…
E a cada pouquinho de iluminação que recebo, cada quantum de luz dispensado, cada processo terapêutico integrado, me sinto um milímetro mais perto de Deus, de mim mesma, o meu ser real, que eu sei que existe, que não sou louca nem nada…
E cada vez mais me conscientizo que essa “régua” de iluminação é infinita, não há um ponto de chegada. Não há um momento em que se diz: “me iluminei” (kkk) seria até piada dizer isso!
Não! É bem mais complexo…
Vivemos pitadas de iluminação, seja diariamente, seja vez ou outra na vida, depende do quanto eu me esforço e do quanto isso está dentro do meu escopo mental. Do quanto isso é uma prioridade real na minha vida.

Eu fico muito feliz de compartilhar isso abertamente, porque há anos sofro com essa solidão. Já procurei grupos espirituais, e ainda assim me sentia só, porque de alguma forma sempre deslumbrei a verdade espiritual que esse caminho é solitário mesmo e não há como mudar isso!

E acredito que esse seja um grande fator que impacte as pessoas a progredirem, porque quando você começa a viver coisas que não tem com quem conversar (por vezes, nem com sua própria terapeuta!), chega a ser meio desolador, confesso.
Quanto mais eu aceitei, e ainda trabalho para aceitar de uma forma melhor, mais eu vejo o quanto vou me sentindo à vontade comigo mesmo, porque tem coisas que só dependem de mim!
Ninguém vai me pedir para fazer, e se ninguém souber também não fará diferença. É apenas entre eu e Deus (através da minha consciência). É aquela vozinha que te cutuca a “soltar e deixar ir” tudo aquilo que não serve mais à sua evolução: medos, apegos, desejos inferiores, enfim, renúncia.
Essa palavra pega demais!
Já vivemos, em geral, de forma tão sofrida com nosso caos interno e externo e ainda vão me pedir renúncia e sacrifício (sacro-ofício)? Tô fora!
É difícil para os Mestres encontrarem almas dispostas e evoluir, servir, se desapegar até mesmo do seu sentimento de inutilidade e fracasso. Não sei quantas mil vezes pensei em desistir de tudo, mas não o faço porque me lembro exatamente daquele início do texto, o princípio norteador: “quem eu sou e o que estou fazendo aqui”. Por isso é tão importante eu me lembrar a toda hora. Ninguém vai me lembrar, porque ninguém me conhece melhor do que eu mesma! Ninguém vai me validar e dizer: “isso!” Não!
É entre eu e Deus, na caminhada silenciosa, solitária, plena e profunda, repleta de bençãos que nem em nosso melhor sonho podemos imaginar!
Há espinhos nesse caminho, mas há o perfume inebriante da rosa. Há a doçura divina que nos impregna de um Amor, que quando O sentimos nos damos conta: é só disso que eu preciso, desse Amor, só.

É só por isso que eu vivo, acordo, respiro. Porque esse Amor une os meus elétrons, mantém meu corpo na terceira dimensão em perfeito estado. É esse Amor que me impulsiona a ser uma pessoa melhor, a querer evoluir, a doar um pouco desse Amor que eu recebo aos meus semelhantes.

E esse Amor é o melhor vício que há! Não há contra-indicação, não há efeitos adversos. Há apenas alegria e felicidade, bem-aventurança a troco de todo esforço, renúncia e sacri(o)fício já mencionados.

Porque não poderíamos ter só a parte boa do negócio? Porque vivemos em um mundo de dualidade, porque ainda estamos dentro da terceira dimensão. Por isso, é tão importante ascendermos da terceira para a quinta dimensão. Talvez isso agora não faça o menor sentido para você e está tudo bem!

Mas, em algum momento da caminhada isso irá ressoar na sua alma, porque esse processo é inevitável. Mais cedo ou mais tarde teremos que encará-lo, porém o tempo é o passo de cada um, sem julgamento de melhor ou pior.
Cada um dá o passo que dá.
E, nesse sentido, dar um passo para trás, recuar, não é necessariamente retroceder.
Às vezes, é o fôlego necessário para dar mais dois passos firmes e convictos e fazer a mudança necessária.
“Quem é você?
Onde você quer chegar?
O céu é o limite
Para quem escolheu Deus,
Em primeiro lugar”…
Ana Carolina Reis